sábado, abril 22, 2023

Poesias adolescentes

Oi, gente!

Poesia não é exatamente o meu forte nem a minha praia, embora curse uma graduação repleta de Literatura lírica e admire muitos escritores especialistas nessa área. Só que às vezes não custa tentar, né? E, nessa de ver o que vai dar, acaba mesmo vendo algo bom (risos).

Assim, inspirada num post poético do blog Visão da Alma – parceiro nosso –, resolvi publicar duas poesias antigas minhas por aqui. Com elas, ganhei dois concursos de poesia quando ainda estava na escola, categoria 8º/9º ano, e busquei transmitir positividade àqueles que ouviam minhas declamações.

Bom, como sou uma jovem adulta e resgato conteúdos da minha adolescência, isso também tem tudo a ver com aquele post sobre a conquista da liberdade interior pela cura das raízes. Afinal, ao buscarmos as raízes feridas, também encontramos partes saudáveis que devem ser fortalecidas cada vez mais.

Este é, portanto, um resgate de produções que fazem parte da minha história e que conversam tanto com aqueles momentos específicos que eu vivia quanto com a minha própria essência.

Isso porque é costume pensar-se que amadurecemos ao longo do tempo, mas o processo causa confusões tais, às vezes, que nos esquecemos das bases que começam a formar-se no início da nossa vida e que devemos alimentar a cada dia.

Espero que meus textos possam trazer a você um pouco de paz, esperança e alegria! E, claro, desejo de escrever (porque, se eu posso, garanto que todos podem!).

                                                           TENHA FÉ – poesia do 8º ano

Precisa de ajuda?

Não sabe o que fazer?

Confie em Jesus Cristo!

Ele fará por você.

 

Se sente sozinho?

Procura algum amigo?

Você tem um, não se preocupe.

Deus está contigo!

 

Está cheio de problemas?

Nota que está cansado?

Segure na mão de Deus.

ele está ao seu lado!

 

Quando as coisas ficam difíceis,

É normal querermos sumir.

Mas relaxe, tenha calma,

Porque Deus irá agir!

 

Agradeça a Deus por tudo

E nunca perca sua fé.

Dê um sorriso sempre,

Pois isso é que Deus quer.

Aprendendo a viver - poesia do 9º ano

Para bem se viver,

É preciso perdoar.

É bom seus males rever

Antes de os outros julgar.

 

Para si e para os outros,

Haja sempre com honestidade

E, nos momentos de vitória,

Não se esqueça da humildade.

 

Desafiado? Enfrente;

Foi derrubado? Levante-se e siga em frente,

Pois vencedor não é aquele que nunca caiu,

Mas sim quem muito tropeçou na vida e jamais desistiu.

 

Não desanime com a dor

Nem desconfie do amor;

Realize ações boas

E acredite nas pessoas.

 

Aonde for, leve sorrisos

E seja luz para este mundo;

Só relações, sentimentos e atitudes

Terão valor ao fim de tudo.

 

sábado, abril 15, 2023

A Fera na Selva e a agonia da espera

Introdução

Não, esse livro do qual quero falar hoje nada tem a ver com a Ditadura Militar Brasileira. A parte da canção acima que se relaciona com o conteúdo da obra discutida é o refrão:

“Vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.”

A boa literatura é universal e imperecível, ou seja, aquela que, contando sobre uma história ficcional ou alheia e real, é capaz de tocar-nos e fazer-nos refletir sobre nossas próprias vidas. De fato, após lermos essa novela do pré-modernista Henry James, já não somos os mesmos.

Meu texto será reticente porque, realmente, a ideia é incentivar meu leitor à conferência do clássico.

Sinopse

Capa de A Fera na Selva
Divulgação / Amazon

A sinopse escolhida é gigante, mas a obra é pequenininha. De acordo com a Amazon:

Em A fera na selva – mais um título da coleção Novelas Imortais, idealizada por Fernando Sabino [...] –, o renomado escritor inglês Henry James compôs uma obra-prima da literatura universal, fascinante e terrível ao mesmo tempo. “Uma fera emboscada na selva, pronta a saltar sobre ele a qualquer momento.”

Essa era a sensação que John Marcher carregava desde que nasceu, e que – depois de anos ele viria a descobrir – era um segredo compartilhado por mais uma única pessoa, May Bartram.

O encontro inesperado em Weatherend, e o fato de ela saber sobre o acontecimento que o espreitava, conduziu uma atraente ligação entre eles, multiplicando-se em encontros cada vez mais reveladores.

Por vários anos, John Marcher acreditou guardar discretamente a sua “carga pesada”, sem jamais tocar no assunto, para que os outros não ficassem tão assombrados quanto ele sempre esteve. Se o resto do mundo o considerava esquisito, somente May Bartram sabia como e, acima de tudo, por que esquisito. Uma coisa os uniu sem que eles soubessem.

Enquanto envelheciam juntos, John e May mantinham uma relação de amizade e fidelidade que se tornara indispensável, à espera vigilante de que uma coisa extraordinária acontecesse. Na obra, passado, presente e futuro são entrelaçados em uma trama articulada e envolta de mistérios, sob uma narrativa psicológica.

De fato, alguma coisa tinha estado para acontecer, e o que vinha a ser a Fera na Selva poderia representar algo aterrorizador, porém de um destino comum e inevitável.

O orgulho cega

John Marcher achava que sabia “o quê”, embora não soubesse “quando”. Seu clássico pensamento girava em torno de frases como “se... eu já estaria em tempo de saber.”. Porém, de nada ele sabia.

Apenas a doce amiga Bartram guardava para si a plena verdade, permitindo inerte que o destino se cumprisse sem interferências. Meiga amiga, ainda que seu próprio orgulho a impedisse de enxergar as oportunidades de esclarecer seu predestinado amigo e transformar-lhe a vida. E sua própria vida de eterna espera.

Espera x esperança e medo

Essa é mais uma música da qual a obra de Henry James faz-me lembrar. John vivia preocupado com seu futuro – com medo de sentir medo -, crendo-se refém de seu fado, poupando-se para ele e sentindo-se sem direitos a desejar algo ordinário.

Por isso, não se permitiu aprofundar nos questionamentos comuns que May fazia-lhe, dos quais poderia extrair alguma(s) resposta(s). Por isso, não teve a oportunidade de conhecer e empregar adequadamente o que tinha e o que podia e esqueceu-se dessa forte lição de seu autor:

"Trabalhamos no escuro - fazemos o que podemos - damos o que temos. Nossa dúvida é nossa paixão e nossa paixão é o nosso dever. O resto é a loucura da arte."

O medo e a esperança – uma espera ativa, na qual o espectador atua e transforma – fazem parte da vida e, sem eles, a vida perde o sentido e a existência.

Conclusão

É, o texto de hoje é tão curto quanto a leitura proposta por ele. Confesso que passei essa semana sem muita inspiração para um vocabulário prolífico e, talvez, prolixo, mas não queria deixar esse sábado pós-páscoa sem escrita e, mais do que isso: desde que criei o blog, essa era uma das obras que eu queria sugerir.

Espero que a leitura atenta dessa criação jamesiana leve você a um contato cada vez mais profundo consigo mesmo(a).

Aos leitores que têm acompanhado meus posts semanais: muito obrigada! Sei que ainda estou devendo atender a algumas sugestões de filmes e séries a incluir nas minhas análises e serão adicionadas gradativamente nas próximas semanas.

Até o próximo sábado, às 19:00!

sábado, abril 08, 2023

10 músicas para ressuscitar com Cristo

“Assim como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos reviverão.” (I Cor 15,22).

Aproveitando esse Sábado Santo, Sábado de Aleluia, nossa Vigília Pascal e fim do nosso Tríduo, deixo com vocês umas musiquinhas que nos podem acompanhar rumo à ressurreição; de, com e por Jesus Cristo. A ordem, assim como no post sobre músicas positivas, é baseada na minha lógica pessoal que não significa ranking, mas sim um caminho de aprofundamento na espiritualidade. 😂

1. O clássico: Um Certo Galileu

Essa obra-prima de Padre Zezinho é um clássico da Páscoa, da mesma forma que Então É Natal, de Simone, é do mês de dezembro. Aquela conta, resumidamente, obras, condenação e morte de Nosso Senhor e, independentemente de em que ramo cristão nos inserimos, embala nossas Semanas Santas.

O sacerdote compositor é, de fato, um especialista do ecumenismo.

Saiamos um pouco do convencional

2. Fluindo em Mim (part. Fátima Souza) - Gil Monteiro

O primeiro passo para entrarmos em contato profundo com o Cristo é abrirmos nossa alma para ele.

É dizer-lhe, sem vacilar, que queremos: refugiar-nos nele; ser íntimos dele, de seu sofrimento e de sua glória; adorá-lo de corpo e alma; derramar aos seus pés tudo que há em nós para que, vazios de nosso próprio eu egoísta, possamos encher-nos do seu Amor; entregar-nos à sua vontade; renunciar à nossa vontade; carregar o seu fardo, que certamente é mais leve que o nosso sem ele (MT 11,28-30).

3. Ninguém Te Ama Como Eu

Essa tem umas 300 mil versões, de tão maravilhosa que é, de modo que não sei quem a criou. Todavia, é uma das músicas católicas mais lindas e tocantes e revela-nos porque Cristo veio ao mundo e sacrificou-se.

É só entendendo que foi por nós que tudo isso aconteceu que estaremos seguros de que podemos ressuscitar com ele e de que devemos esforçar-nos para isso.

4. A Promessa - Cley Souza

Após conhecermos a razão do sacrifício e o Amor de Cristo, devemos saber que, apesar de sobrenatural, ele é acessível a nós, ele está muito próximo. Essa música fala, precisamente, sobre a beleza e sobre o valor do Sacramento da Comunhão.

5. Sangue Redentor - Comunidade Recado

Essa música é, ao mesmo tempo, um reconhecimento que o cristão realiza a respeito do valor do sacrifício de Cristo e uma oração suplicando que esse sangue derramado proporcione a saúde e a pureza necessárias à alma. Em linha muito similar, caminha também Corpo Santo, de Fátima Souza.

6. Belíssimo Esposo - Comunidade Católica Shalom

Todos os cristãos têm Cristo por esposo. Caro(a) leitor(a), se você for heterossexual e/ou casado(a), deve estar com vários pontos de interrogação em sua cabeça. Sim, Cristo tem sua Igreja por sua esposa.

Somos parte de seu corpo como os esposos pertencem um ao outro de corpo e alma (Ef5,23-32), somos os membros e Cristo é a cabeça (1 Cor 12,12-27).

E essa música é uma profunda declaração de Amor, ao qual se chega após compreender e sentir o Amor de Cristo, e deixar-se comover e transbordar por ele. É também uma oração que pede por nossa ressurreição.

7. Ensina-me - Ministério Anunciação

Antes de ressuscitarmos como Cristo, é necessário que saibamos morrer como ele. É isso que, inusitadamente, pede essa música. Afinal, quantas vezes colocamos nossa vida material acima de nosso bem espiritual? Quantas vezes queremos ter razão e privilégios sobre essa terra? Não foi assim que ele procedeu.

8. Jesus Ressuscitado - Celina Borges

Finalmente, chegamos à Ressurreição de Jesus. E nela celebramos! Ele venceu a morte!

9. Hoje Livre Sou - Ministério Adoração e Vida

Se estamos aqui, escrevendo e lendo, é porque ainda não atravessamos a morte física e as mortes que enfrentamos, diariamente, são espirituais, frutos de correntes nocivas e da nossa luta para libertarmo-nos.

Com a Ressurreição do nosso Deus, celebramos a nossa vitória também sobre as escravidões que nos aprisionam de diversas formas ao longo de nossas vidas.

10. Te Amarei, Senhor

Ok, eu sei que essa música é do Pe. Zezinho, mas eu já o mencionei acima e prefiro a versão da Irmã Kelly Patrícia (risos).

Após ressuscitarmos com o Cristo e por ele, somos chamados a segui-lo e imitá-lo constantemente. A ressurreição que devemos buscar, enquanto estamos sobre chão que passará, é esta: ressurgir do pecado, dispondo-nos a replicar o exemplo de Jesus em nossas vidas, graças à força que ele nos dá por meio do seu Espírito Santo consolador.

Feliz Páscoa!

Que Deus Pai, Filho e Espírito Santo esteja com você e sua família! Compartilhe essas dicas de músicas com aqueles que você ama e quer ver ressuscitar também com o Cristo! Até a próxima semana, sempre no mesmo horário (19:00, Brasília)!

sábado, abril 01, 2023

Como água para chocolate: John Brown e o amor verdadeiro

Capa de Como Água para Chocolate
Divulgação / Amazon

Como um dos piores livros que já li contém o melhor personagem literário que já conheci? Li o livro em espanhol aqui, por causa de um curso, mas vocês podem lê-lo em português por aí.

Minhas opiniões, tanto sobre o livro quanto sobre o personagem, não são acadêmicas. São subjetivas mesmo, embora críticas e reflexivas. E, como vou analisar um personagem específico, não dá pra fugir de spoilers.

Sinopse do livro

De acordo com a Amazon:

“UM LIVRO QUE EVOCA EMOÇÕES, SABORES E AROMAS POR MEIO DE PALAVRAS

É na cozinha que Tita, a protagonista, passa a maior parte do tempo. Sua vida está relacionada aos pratos que afetuosamente prepara. Este romance narra a história de Tita desde o seu nascimento em um rancho no norte do México, com destaque para sua juventude, o amor por Pedro, e a missão de cuidar da dominadora Mãe Elena.

O tempero combina a revolução mexicana no início do século XX com o realismo fantástico marcante na literatura latino-americana. Uma obra para ser apreciada em todos os sentidos.”

Amor sentimento x amor decisão

O livro está constantemente opondo a sobriedade, a dedicação, a serenidade, a sensibilidade e o carinho à libido, afirmando que esta última é “o verdadeiro amor”, em vez do somatório dos demais.

Mas o que é o amor?

O conceito de amor é extremamente polissêmico. Pela lógica das afirmações e por minha escolha pela Igreja Católica como religião (inclusive esta em decorrência daquela), concordo com as palavras do saudoso Papa Bento XVI na encíclica Deuscaritas est, dentre as quais vale destacar:

“Dois dados resultam claramente [...] sobre a concepção do eros na história e na actualidade. O primeiro é que entre o amor e o Divino existe qualquer relação: o amor promete infinito, eternidade — uma realidade maior e totalmente diferente do dia-a-dia da nossa existência.

E o segundo é que o caminho para tal meta não consiste em deixar-se simplesmente subjugar pelo instinto. São necessárias purificações e amadurecimentos, que passam também pela estrada da renúncia. Isto não é rejeição do eros, não é o seu « envenenamento », mas a cura em ordem à sua verdadeira grandeza.

Isto depende primariamente da constituição do ser humano, que é composto de corpo e alma. O homem torna-se realmente ele mesmo, quando corpo e alma se encontram em íntima unidade; o desafio do eros pode considerar-se verdadeiramente superado, quando se consegue esta unificação.

Se o homem aspira a ser somente espírito e quer rejeitar a carne como uma herança apenas animalesca, então espírito e corpo perdem a sua dignidade. E se ele, por outro lado, renega o espírito e consequentemente considera a matéria, o corpo, como realidade exclusiva, perde igualmente a sua grandeza.

O epicurista Gassendi, gracejando, cumprimentava Descartes com a saudação: « Ó Alma! ». E Descartes replicava dizendo: « Ó Carne! ». [3] Mas, nem o espírito ama sozinho, nem o corpo: é o homem, a pessoa, que ama como criatura unitária, de que fazem parte o corpo e a alma.

Somente quando ambos se fundem verdadeiramente numa unidade, é que o homem se torna plenamente ele próprio. Só deste modo é que o amor — o eros — pode amadurecer até à sua verdadeira grandeza.”

Assim, amor é a união entre alma e corpo, é prazer e vontade, é instinto e moderação, é deleite e renúncia, é acolhida e entrega, é respeito e fidelidade.

Tita e Pedro são dois idiotas, um mais que a outra

Nas concepções atuais, o idiota seria John porque, simplesmente, decidiu amar.

De fato, muita gente, ao ler o livro, gosta do casalzinho fútil por seus atos “revolucionários” e por sua luta pela “liberdade” (aqui se entenda libertinagem). Por melhores que “sejam” as ideias “revolucionárias”, a luxúria do casal não convence. Eles não tem o menor vínculo real e nem a relação nem Pedro tem desenvolvimento.

Tita, por sua vez, tem a liberdade de refletir, tem consciência de várias possibilidades e do caminho melhor a seguir, mas opta pelo impulso, demonstrando uma falta de compromisso e de amor consigo mesma. Pedro não a merece e ela, por sua vez, não merece o amor de John.

No que diz respeito ao verdadeiro amor, o casal limita-se à libido: não há alma – intimidade real sobre os sentimentos e as convicções de cada um -, nem vontade – Pedro acaba casando-se com Rosaura e Tita quase se casa com John -, nem moderação – é tudo carne.

Não há também renúncia – os sacrifícios que fazem não são um pelo outro, mas por outras pessoas envolvidas, como Rosaura e John -, respeito – ambos tratam-se como objetos, corpos desvinculados das almas que de fato os tornam individuais – ou fidelidade.

A relação entre John e Tita

John Brown era o médico da família mesmo antes de que os fatos narrados no livro tivessem início. Porém, era apenas isso e nada mais. Até porque ele já fora casado – embora isso não seja um impedimento nas histórias das personagens dessa trama – e a morte de sua esposa fechou-o para o amor.

E foi num dia de março, na transição do inverno para a primavera no Hemisfério Norte, que os dois se reencontraram e de uma forma diferente. John viu Tita de uma forma que não a vira anteriormente: uma bela mulher, mais que uma paciente. Mas ela continuava a vê-lo apenas como um profissional, devido a sua paixão por Pedro.

Mas os sofrimentos cada vez mais intensos de Tita levaram-na a agir como louca e o doutor Brown, responsável por tratá-la, começou a aproximar-se cada vez mais. Distintamente do que lhe encarregara a mãe de Tita – de jogá-la num manicômio -, o médico levou a moça para sua casa e dela cuidou carinhosa e dedicadamente.

E, até mesmo quando ela lhe causou as maiores dores sentimentais e não lhe foi digna, ele a respeitou. Ele amou o ser humano que havia nela, apesar de suas imperfeições.

O amor nos resgata

“Esas manos la habían rescatado del horror y nunca lo olvidaría.” (Laura Esquivel)

Talvez seja realmente isso o amor, um resgate. Resgate dos perigos, dos erros, das prisões, das compulsões, do desânimo, da falta de sentido... Um resgate do outro, um resgate de si mesmo(a).

John acolheu Tita em seus piores momentos – físicos e morais - e da melhor forma, e dela nada esperou. Eis o amor de Cristo, um amor que dizemos sentir, mas nunca lhe chega aos pés.

“A fonte da alegria cristã é esta consciência de ser amado por Deus, […] com amor apaixonado e fiel, um amor que é maior que a nossa infidelidade e os nossos pecados, um amor que perdoa”. (Papa Bento XVI)

“John, a paz, a serenidade, a razão”

Eis as descrições atribuídas a John e eis o que o amor deve-nos proporcionar. Ao longo do livro, o que se chama de “amor verdadeiro” é, na verdade, o prazer meramente carnal, a luxúria, o sexo decorrente de atração física sem a coragem necessária para a entrega completa.

A fala mais linda

Ao mostrar a Tita um experimento com fósforo, John lembrou-se de uma teoria de sua avó, hipótese que relatou à jovem enferma. E palavra alguma que eu disser servirá para explicá-la melhor que ela mesma, então vamos à citação integral:

“Minha avó tinha uma teoria muito interessante: dizia que ainda que nasçamos com uma caixa de fósforos em nosso interior, não podemos acendê-los sozinhos porque necessitamos, como no experimento, de oxigênio e da ajuda de uma vela. Só que neste caso o oxigênio tem de provir, por exemplo, do alento da pessoa amada.

A vela pode ser qualquer tipo de alimento, música, carícia, palavra ousom que faça disparar o detonador e assim acender um dos fósforos. Por um momento nos sentimos deslumbrados por uma intensa emoção.

Se produzirá em nosso interior um agradável calor que irá desaparecendo pouco a pouco conforme passe o tempo, até que venha uma nova explosão para reativá-lo. Cada pessoa tem de descobrir quais são seus detonadores para poder viver, pois a combustão que se produz ao acender-se um deles é o que nutre de energia a alma.”

“Agora só lhe servia como um cão de guarda, como guarda-costas, sem se afastar dela um só segundo”

Essa é, na verdade, uma menção honrosa ao sargento Treviño, o eterno apaixonado por Gertrudis. Na verdade, ele não é apenas apaixonado: ele a ama. Vale a pena conhecê-lo nos poucos momentos em que aparece.

Por hoje é só!

Antes de ir, conta pra mim:

  • Já amou e odiou um livro ao mesmo tempo? Por quê?
  • Conhece um personagem melhor que el doctor Brown para me indicar?

Continua ligado(a) nos posts, que vêm muitos livros e muitas séries por aí. Talvez até alguns filmes!