Introdução
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Sim,
um livrinho de autoajuda. Por muito tempo, nutri sérios preconceitos contra
esse tipo de Literatura. O problema dele é que, assim como na própria Psicologia,
nele existem muitas opções e poucas delas de fato servirão para nós.
O
post dessa semana não será uma análise, mas sim uma genuína indicação, por meio
do relato de como Conquistando a Liberdade Interior, do Padre Adriano Zandoná (Canção Nova), tem sido mais uma
peça no meu intenso, tenso e complexo processo de cura e libertação. Talvez,
essa leitura possa também ajudar você.
Um
pequeno adendo: não sei se posso chamar o que escrevi de relato. É uma série de
perguntas, as quais serão respondidas com o auxílio do livro, desde que exista,
por nossa parte, um sincero, concreto e profundo desejo de encarar com
sobriedade nossas realidades.
Também não é um encadeamento linear de ideias:
nem sempre estamos sistematizados o suficiente para que uma lógica programada
penetre nossa mente. Primeiro, precisamos deixar as ideias fluírem, para depois
as organizar. Sem a visão clara das ideias, ainda que bagunçadas, não se pode
estruturá-las.
Pra
quem não é católico e acompanha o blog, o livro é de fato escrito por um padre,
mas isso não o reduz a aspectos dogmáticos. Pelo contrário: o autor vale-se da
interdisciplinaridade, reunindo conhecimentos filosóficos, psicanalíticos e
literários, para conduzir seu leitor pelo caminho da conquista da liberdade
interior.
Sinopse
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Divulgação / Amazon
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Extraída
da Amazon:
“Ganhar
asas, concretizar grandes sonhos, colecionar vitórias e realizações são o
desejo de toda e qualquer pessoa. Todavia, ninguém será capaz de superar
obstáculos e construir voos bem-sucedidos sem antes aprender a conquistar a
liberdade dentro de si, curando as raízes de sua história e as aprofundando em
terrenos que sejam fecundos e férteis.
Se as coisas não estão resolvidas dentro
de nós, não há qualquer realidade exterior que possa nos apaziguar e trazer
contentamento. Essa é uma incontestada e sóbria sentença. Quem não tem
liberdade interior, ainda que tenha tudo, será um eterno fugitivo de si e de
suas feridas, e não encontrará uma autêntica realização.
Liberdade interior é
um trabalho artesanal, no qual o artista que trabalha a alma precisará
compreender o acervo de experiências que compõe a sua trajetória, direcionando
cada realidade para a beleza e a dureza da verdade que a pode libertar. Sem
liberdade interior ninguém consegue ser aquilo que verdadeiramente é nem
consegue desenvolver todos os seus talentos.
Neste percurso precisaremos romper
com os rótulos e máscaras que os outros e nós mesmos construímos, declarando
uma verdadeira luta por nossa independência interior.”.
Um falso autocontrole
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Quantas
vezes achamos que estávamos plenamente no controle de alguma situação e, na
verdade, não estávamos? Quantas vezes caímos na inconstância e dissemos a nós
mesmos “só hoje” e o “'hoje'” perdurou para sempre? Quantas vezes, em nome de uma
falsa liberdade, tornamo-nos escravos de nossos impulsos e desejos momentâneos,
os quais, posteriormente, trouxeram-nos enormes arrependimentos?
Quantas vezes
já sabíamos que nos arrependeríamos, mas insistimos no erro?
A
beleza da estiagem
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Quantas
vezes pedimos, a um ser que considerássemos superior, que levasse nossos
sofrimentos embora? Quantas vezes nos sentimos paralisados diante de circunstâncias
adversas?
Certa
vez, conversando com uma mentora, comentei que já me disseram que eu era mais
madura que colegas da minha idade. Eu disse a ela que, por certo tempo, eu
concordara; no entanto, depois de completar a maioridade, eu simplesmente sentia
(e continuo sentindo) que essa visão não fazia mais sentido.
Contudo, de um ponto
de vista mais saudável, a profissional explicou-me que a vida é como um
espiral: quando sentimos que não estamos crescendo / subindo (evoluindo), na
verdade é porque estamos passando por um lado da existência distinto daquele
que vínhamos trilhando.
De
fato, esse é um tempo de raízes, não de galhos. É necessário fincar raízes, a
fim de suportar as turbulências que os novos galhos terão de enfrentar. Isso me
lembra também a encíclica Salvifici Doloris, que já citei aqui no blog, no post sobre a Hiyajo de Steins;Gate 0.
Da mesma forma, é um tempo meio sem brilho, o
que me lembra da libertação que nos proporciona a penumbra, mencionada no livro
Siracusa, de Guilherme de Sá, objeto de reflexão também já explorado por aqui nesse post.
É
engraçado que, enquanto escrevo, meus textos vão-se entrelaçando. Parece uma
espécie de movimento de rotação, mas essas relações, na verdade, são sinal de
que tudo tem um sentido. A vida é uma colcha de retalhos que vamos costurando
sem sequer perceber.
A
compreensão do que nos move
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Graças
às minhas idas e vindas a psicólogos, a conversas com outros profissionais da
área de desenvolvimento humano, à minha própria experiência e, agora, a esse
livro, percebo que o processo de cura interior, tão lógico e linear quanto ele
possa ser, acontece nas seguintes etapas:
sentimento de que algo está errado;
busca por ajuda; desejo de mudança; necessidade extrema de transformação
(esgotamento); tomada de decisão; autoconhecimento; medo; relutância em aceitar
o que há de mal em nós; aceitação; perdão a si e a outrem; resolução do
problema.
A grande dificuldade é que, à exceção da primeira e da última etapa,
todas as demais podem ser extremamente subjetivas e demoradas, e podem pausar o
processo.
Uma
das etapas mais importantes e mais árduas é, precisamente, o autoconhecimento,
esse trabalho em que precisamos bancar o(a) jornalista conosco: “por quê? Como?
Quando? Onde? Quem? Quanto? Se...”.
Uma
coisa que o livro fez-me compreender foi que eu, particularmente, vinha
questionando muito o “como” e o “se”, esquecendo-me do “por quê?”. Isso foi
fruto de uma má compreensão minha a respeito da Terapia Cognitiva
Comportamental. Posso dizer-lhes que, juntos, a tCC e este livro formam um
divisor de águas para mim.
A
TCC também me ensinou que devo sempre checar o que estou sentindo. Na minha
visão, eu precisaria verbalizar para obter um feedback e o limite imperaria
quando essa ação não fosse possível. Além disso, ao checarmos, nem sempre o
outro está pronto para assumir a verdade, nem sempre o outro se conhece.
Pode
ser que ele, assim como nós, ainda esteja num processo de autodescoberta, ou
mesmo não queira encarar a verdade. Essa suposição pode manter o sentimento
ruim e a crença negativa, perpetuando o problema.
Por isso, a ideia de
perdoar-se e perdoar o outro, tomando mesmo a crença e o sentimento como
verdades (ainda que, na realidade, não sejam), foi-me bastante eficaz. Não
estou criticando o método da TCC. Sou ninguém pra isso! Mas há coisas que não
funcionam especificamente conosco, porque cada um é um ser diferente, por isso
exponho o que me ocorreu. Talvez essa mudança de perspectiva seja útil a
alguém.
Às
vezes, a tristeza fala mais que a alegria
"Reflitamos
sobre os motivos que nos causam tristeza ou pesar, pois esses motivos revelam
quais são nossos reais ‘tesouros’ e o que realmente buscamos na vida."
Esse
é um trecho do livro que me fez pensar nas tantas vezes em que quis jogar a
tristeza pra debaixo do tapete, acumulando-a em várias camadas, como um traste
inútil do qual pesarosamente não me poderia livrar. A tristeza é um importante
indicador para pensarmos até que ponto, tal como uma empresa, estamos seguindo
nossa missão, nossa visão e nossos valores.
Afinal,
como diz Abay (o fiel BFF do nosso Boran Genco - assunto do primeiro post do blog -) à sua querida Gizem:
“Sabia
que, na História das religiões, as Histórias da Arte, da tristeza e da
felicidade não são opostas uma à outra? Muita gente encontrou a felicidade na
própria tristeza. Quem sabe, você encontrará a sua também.”.
Os
vícios
Sempre
acreditei que os vícios fossem fraquezas nossas e esse ponto de vista é
extremamente negativo e danoso a nós, porque pensamos que é uma incompletude
nossa que nada pode preencher, que nunca seremos capazes de superar. Todavia, o
padre explica que, na verdade, um vício é uma grande força energética que temos
e que foi mal direcionada.
E, para ser bem administrada, precisa ser focada no
presente:
“[...]
será necessário fixar a luta contra a dependência em cada dia específico,
estabelecendo-o sem se preocupar em vencer o mal definitivamente de uma só vez.
[...] E, então, apenas o dia de hoje será o campo de batalha no qual precisaremos
nos empenhar, resistindo aos apelos do mal em nós.”.
Conclusão
É,
meu povo. Por hoje é só. O resto, deixo com vocês e com o livro! Garanto que
ele é bem melhor que meu texto e trará muitas mais revelações, as quais lhes
serão fontes de libertação!
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