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sábado, fevereiro 11, 2023

Boran Genco: entre progresso e tradição

    Boas vindas!

Oi, gente!

Bem-vindos(as) ao primeiro post do blog!    

A primeira obra sobre a qual decidi tratar infelizmente não é muito conhecida. Afinal, há uma febre por séries e filmes americanos e europeus, animes e doramas, mas as novelas turcas ainda não são tão populares, desafortunadamente. A verdade é que elas têm muito a oferecer, além do conhecimento de uma diferente cultura. Seus enredos trazem, também, lições valiosas de humanidade.

Sem mais delongas, quero falar sobre a série Sila (assista aqui), mais especificamente de seu personagem Boran Genco. Talvez isso lhes pareça estranho, já que lhes disse, na apresentação do blog, que sou cristã católica e a série reflete predominantemente uma parte da religião islâmica.

No entanto, enquanto estudante de humanas, sei a importância de mantermos nossa mente aberta para aprender com as mais variadas e controversas formas de vida. Assim, em meio a tantos conteúdos artísticos efetivamente anticristãos e/ou vazios de sentido, Sila é tão profunda e sensível que não permite que seu espectador seja o mesmo depois de assistir-lhe.

É possível, inclusive, que eu faça mais de um post para falar dessa série, apresentada, no Brasil, como novela da Band.

Obs.: não se preocupem, pois não haverá grandes spoilers. No máximo, trarei pequenas citações com o intuito de motivá-los(as) a conferir a série na íntegra, mas podem ler sem susto!

Sinopse

Para quem não conhece coisa alguma sobre essa história ficcional, deixo uma breve sinopse de minha autoria:

Sila foi vendida ainda pequena por seu pai (Celil) a uma família rica de Istambul, crescendo cercada de luxo. No fim de sua adolescência, ela é persuadida por Celil a acompanhá-lo a sua terra natal para conhecer sua família biológica. O motivo real, porém, é um casamento arranjado da moça com Boran, líder do clã, como pagamento por uma dívida de sangue, conforme manda a tradição local.

Para mais informações, podem visitar essa sinopse extraída da Wikipédia.

O agha Boran Genco e seu equilíbrio

Foto do próprio Boran
Foto: Divulgação / Tudo & Todas

Agora, vamos finalmente ao homem: a beleza exótica do polêmico ator Mehmet Akif Alakurt é o primeiro atrativo do personagem, mas não é sua característica mais importante. O que mais me atrai no líder mardiniano é seu equilíbrio.

Isso porque ele cresceu numa tribo de costumes antiquíssimos e frequentemente injustos - inclusive com ele mesmo, apesar de seu status de soberania -, mas teve a oportunidade de ser universitário na capital turca (Ancara) e de trabalhar em Istambul, a principal cidade do país, situada na parte europeia do território nacional.

Desse modo, Boran conseguiu o privilégio de conhecer dois lados opostos da mesma moeda - duas realidades contrárias em um mesmo país – e, diferentemente da atitude que, com tristeza, podemos perceber por parte da maioria das pessoas que se encontram em situações similares, Boran não elegeu um dos lados com a consequente anulação do outro.

Pelo contrário: ele soube filtrar o que havia de belo e essencial em cada uma das lentes pelas quais se orientavam as pessoas de seu convívio.

A ponte

É por essa razão que o chefe da tribo tem um importante papel de ponte em sua família, entre seus pais - extremamente tradicionais e fechados em seus costumes - e sua esposa - moderna e progressista, mas igualmente intransigente.

Ele reconhece que mudanças são imprescindíveis no estilo de vida de seu povo, já que a inflexibilidade mecânica das regras do clã interfere negativamente no destino de pessoas inocentes, mas ele também compreende que as tradições são basilares para a conservação de qualquer sociedade.

De fato, na visão do patriarca, os transtornos causados pelo cumprimento das leis refletem antes uma leitura inadequada dos preceitos religiosos que um erro dos próprios princípios.

Dessa forma, ele rejeita a máxima modernista de “destruir para reconstruir”, assumindo a necessidade de cautela durante o processo de uma transformação tão radical, ao mesmo tempo que se nega a compactuar com as atrocidades que ocorrem ao seu redor.

O racionalismo em pessoa

Boran é, nesse sentido, igualmente um exemplo de racionalismo, visto que, por vezes, ele se mostra frio e impassível diante de situações aterradoras para que possa contorná-las de forma sorrateira e eficaz.

Ao longo da série, o telespectador aprende, junto com Sila e por intermédio de Boran e das situações difíceis que o casal enfrenta, que a impulsividade e o sentimentalismo podem acarretar consequências inesperadas e problemas cujas resoluções são mais árduas de atingirem-se do que aquelas correspondentes às dificuldades anteriores.

Entre o progresso e a tradição

Enfim, Boran, ao contrapesar os atrasos e as antecipações de seus parentes, comprova uma declaração muito sagaz de G. K. Chesterton, feita no artigo As tolices dos nossos partidos:

“Todo o mundo moderno está dividido entre conservadores e progressistas. O papel dos progressistas é continuar cometendo erros. O papel dos conservadores é evitar que os erros sejam corrigidos. [...] Portanto, temos dois grandes tipos de pessoas: a avançada que se precipita para a ruína, e a retrospectiva que aprecia as ruínas”.

Ele ainda é humano

Boran é, com efeito, um grande mentor. Porém, ele ainda é humano. Por isso, ele também erra.

Contudo, até mesmo em seus momentos de fraqueza, o chefe Genco tem algo a ensinar para seus atentos observadores, tendo em vista que seus dois grandes erros acontecem justamente porque ele põe suas emoções acima de sua razão pragmática costumeira: em um deles, ele age por impulso e, no outro, ele fica em choque e sem reação.

Ainda assim, toda a trajetória do personagem serve para redimi-lo de suas faltas, concedendo-lhe, ao meu ver, a maior redenção quando o comparamos aos seus companheiros de jornada.

Convite

Portanto, fica registrado meu convite para que vocês se surpreendam com essa tensa e intensa obra oriental. Apesar de todo o suspense decorrente das questões sociais e psicológicas dos personagens, vocês terão uma magnífica fonte de sorrisos também, pois a narrativa dosa com maestria os momentos de tensão com romances, ceninhas fofas e interações engraçadas das famílias Genco e Sönmez.

Essa produção vem do outro lado do mundo e já tem 17 anos, mas trata de aspectos universais da vida humana e creio que continuará a atualizar-se e a encontrar apreciadores ao redor do planeta enquanto durar nossa espécie.

Ah, já que você chegou até aqui, conta pra mim:

  • Você já assistiu à novela? Se sim, o que achou?
  • Se você não assistiu ainda, ficou curioso(a) para assistir?
  • Que outro conteúdo (novela, série, filme, anime, dorama, conto, livro, etc.) você acredita que foi uma importante fonte de crescimento para você e gostaria de uma abordagem aqui no blog?
Ei, se você curtiu o post, não esquece de compartilhar e comentar para que ele possa chegar a mais pessoas! 💙

E fica atento(a) às próximas publicações, que ocorrerão sempre aos sábados, às 19:00.

Post scriptum

Há coisas que nos acontecem e que não entendemos num primeiro momento, mas fazem sentido depois. Chamem a isso destino ou Deus; só não digam que não existe!
Gente, esse post era pra ter saído na semana passada; porém, tive alguns probleminhas com o uso do Blogger e, simplesmente, a publicação não se realizou no horário correto, por isso adiei para hoje, precisamente logo após os terríveis terremotos ocorridos na Turquia e na Síria.
Estou chocada com a coincidência e aproveito para pedir a cada leitor que envie àquele território suas melhores energias, suas orações e, se possível, sua caridade material. Turcos e sírios precisam de toda a solidariedade possível nesse momento difícil e desesperador, quase insuportável.